segunda-feira, 26 de maio de 2008

Resgate aquático e prevenção de afogamentos: nível de conhecimento em acadêmicos do curso de educação física-ufsc e professores de natação da grande..

Resgate aquático e prevenção de afogamentos: nível de conhecimento em acadêmicos do curso de educação física-ufsc e professores de natação da grande Florianópolis

REVISÃO DE LITERATURA

Por: JOSÉ, Rafael Manoel

Sabemos que Florianópolis é uma cidade voltada para o turismo, tendo como uma das suas principais atrações o vasto número de praias. Além disso, o número de freqüentadores de lagoas, cachoeiras e piscinas de clubes particulares também aumenta na temporada de verão. De acordo com Santos (1995, p. 06), o fluxo de turistas para os balneários catarinenses, dentre eles a Ilha de Santa Catarina, é cada vez maior.

Não só por esse grande fluxo de turistas e banhistas locais durante a temporada de verão, mas também por se manter nesta cidade tais atividades aquáticas, mesmo que em menores proporções, durante todo o ano, faz-se importante o ensino e aprendizado de técnicas de resgate e salvamento aquático, para os acadêmicos do curso de Educação Física, principalmente àqueles que virão a atuar na área aquática.

Tendo em vista os recursos que o Centro de Desportos oferece aos seus acadêmicos, ficam claras as vantagens que estes terão em abordar atividades que, por sua vez, poderão ser aplicadas fora da piscina, como o surfe e as técnicas de resgate e prevenção de afogamentos que aqui serão melhor abordadas.

Quanto ao surfe, em entrevista publicada na revista fluir, Victor Braga, professor de natação, demostra a importância em se utilizar a piscina para a realização de treinamento de surfistas, visando momentos críticos que estes podem enfrentar dentro da água. Ele desenvolveu e agora aplica a metodologia do Power Swim, recriando no treino as situações que os surfistas poderão vir a enfrentar no mar. (JÚNIOR, 2001, p. 114).

Victor demonstra também a importância em vivenciar a prática para a criação do seu método de treinamento, tendo não só o conhecimento da natação, mas também do surfe e dos problemas e situações que podem ser enfrentadas pelos surfistas durante a prática. Em seus treinos, ele demostra ainda a influencia do surfe sobre a musculatura, principalmente da coluna e dos ombros, deixando-as tensas, e fazendo com que o atleta perca um certo grau de flutuabilidade. Em contra partida, a natação, serviria para combater essa tensão muscular. Victor trabalha também, exercícios de apnéia e fortalecimento de articulações e deixa claro a importância da aliança entre a prática da natação com outras atividades aquáticas, nesse caso o surfe, tornando, como conseqüência, seus alunos salva vidas em potencial: “ Eu já ajudei a salvar no mar surfista muito bom. O cara que diz que pega as ondas lá fora, tem que ser versátil em todas as atividades aquáticas, um verdadeiro waterman”. (JÚNIOR, 2001, p. 114).

Quanto às técnicas de resgate e prevenção de afogamentos, de acordo com Santos (1995, p. 57), as maiores dificuldades em se trabalhar tal tema com Bombeiros Militares para atuação como Salva-Vidas durante o verão na Ilha de Santa Catarina, são com relação à adaptação ao meio líquido, falta de coordenação, respiração e, em alguns casos, não sabem o nado crawl.

O salvamento aquático, além do conhecimento dos procedimentos necessários, requer do indivíduo outras qualidades como: coragem, serenidade, imaginação pronta e viva, poupança de esforços exagerados, espírito organizador e boa condição física. (LOTUFO (s/d), apud NASCIMENTO, 1992, p. 03).

Para mostrar a importância em possuir os conhecimentos relacionados ao tema, também será enfocado o conhecimento do mesmo por parte de grupos de indivíduos diferentes dos Salva-Vidas profissionais, mas que praticam ou coordenam atividades relacionadas ao meio liquido। De acordo com Nascimento, em entrevista feita em sua monografia com um grupo de 50 surfistas, profissionais e amadores, na Ilha de Santa Catarina, tal grupo demostra a importância em saber lidar com situações de afogamento, afirmando até que salvam mais que os próprios salva vidas apesar de possuírem conhecimentos considerados insatisfatórios quanto ao assunto. (NASCIMENTO, 1992, p. IV).

Os procedimentos utilizados para o salvamento de vitimas de afogamento segundo Javis (1967), Thibault (1968), Lotufo (s/d) e Machado (1974) consistem em aproximação, desvencilhamento, transporte e primeiros socorros, que comumente envolve a técnica de reanimação de vítimas. (NASCIMENTO, 1992, p. 03).

Ainda em sua monografia Nascimento cita que, de acordo com Berlioux (1974, p.288), “todo nadador deve ser capaz de levar à terra firme qualquer pessoa cansada ou a ponto de afogar-se”. (BERLIOUX, 1974, p. 288, apud NASCIMENTO, 1992, p. 02).

Se dentro da Universidade Federal de Santa Catarina existem projetos de extensão que buscam desenvolver a capacidade da prática da natação não só de universitários mas da comunidade em geral, por que não ensinar também técnicas de resgate e prevenção de afogamentos?

Para o inicio do estudo sobre salvamento e resgate aquático, é primordial o conhecimento de alguns conceitos dentre eles, o de afogamento. De acordo com Oliveira, o afogamento é um tipo de acidente muito comum e, certamente, o maior problema relacionado com a água. O afogamento pode ser ocasionado por diversos motivos, tais como cãibras ou desmaios durante a prática de natação, etc. (OLIVEIRA, 2004, p.103). Sendo assim, visando uma maior formação pessoal e acadêmica dos profissionais que virão a atuar na área aquática, fica claro a importância em se abordar de uma forma mais detalhada, métodos de prevenção e resgate em casos de afogamento, muitas vezes seguidos de paradas cardíaca e respiratória.
Ainda de acordo com Oliveira,

Não tente fazer um salvamento na água, a menos que você tenha sido treinado para isso, seja um bom nadador e haja outras pessoas para ajudá-lo. Nunca tente fazer um salvamento na água sozinho ou sem recursos. Caso contrário, ao invés de ser uma pessoa que fará o salvamento, você provavelmente se tornará uma vítima. (OLIVEIRA, 2004, p.103).

O autor acima mencionado, trata de uma questão muito importante no que diz respeito ao salvamento feito por um indivíduo incapacitado, que não tenha treinamento e conhecimentos adequados para executar tal pratica. É por esse motivo, que deve ser dada ênfase ao aprendizado sobre as práticas em questão. Outros conceitos como o de ressuscitação cardio-pulmonar, parada cardíaca, parada respiratória, hipotermia, embolia, deverão ser inicialmente tratados.

O CFSVC (Curso de Formação de Salva-Vidas Civil), ministrado pelo Corpo de Bombeiros Militar, além de abordar técnicas de salvamento utilizando-se dos conceitos descritos acima, trata também das práticas de resgate e salvamento aquático. Este curso apresenta uma técnica de nado diferente das tradicionais (crawl, costas, peito e borboleta): o nado tesoura. Este nado consiste numa mesclagem entre o estilo “crawl”, e o estilo “peito”, sendo caracterizado pela posição lateral do corpo e com movimentos propulsivos de membros inferiores na forma de “tesouradas”.

Além do nado tesoura, outras técnicas relacionadas à natação são tratadas no curso como o nado “crawl polo”, que visa manter a coluna cervical em hiper extensão, mantendo o rosto do nadador fora da água, podendo assim observar a vítima a todo momento.

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