Olá galera do Salvamento Aquático,
Era 30 de dezembro de 1998, eu estava em Trindade, último vilarejo do litoral carioca, surfando de peito com uns amigos na Praia Grande, quando um surfista entrou no mar no quebra-côco. O mar estava com altas ondas.
As séries vinham com uns 6 a 8 pés e a correnteza puxava muito. O surfista descuidado entrou afobado bem na frente da arrebentação, quando uma série monstra chegou. A rainha tinha uns dois metros e meio e quebrou bem em cima dele. Eu dropei a seguinte e vi o carinha se recompondo sobre a prancha e tomando mais uma. Perguntei-lhe se estava bem, mas seu olhar foi privatório. - Como é que esse cara aí, só de peito vai me ajudar? Imaginou ele. E sua resposta foi que estava bem. E tomou mais uma na cabeça.
Na 4ª onda ele se livrou do slash e largou a prancha quando atravessava a massa d´água. A prancha passou voada e veio parar perto de mim. Meu amigo resgatou a prancha dele e eu esperei ele emergir. Uma outra onda já estava de pé quando ele surgir, atônito e batendo os braços desesperado. Peguei uma onda e cai quase em cima dele. Ainda debaixo d´água procurei por ele e o puxei junto comigo. Ele se agarrou em mim e não falava nada, quando perguntei se estava bem.
Ele grudou no meu pescoço e aí dei um soco na barriga dele para ver se ele se ligava no que estava fazendo. - Qualé? Quer me levar junto contigo! Mandei ele ficar calmo e mergulhar quando eu falar. Nós mergulhamos depois que uma onda enorme estourou e conseguimos passar. O mar se acalmou um pouco e aí puxei ele em direção à sua prancha. Ele subiu na prancha e descansou um pouco. Passei-lhe um sermão necessário. Ele nunca podia ter entrado onde entrou, mas me confessou que surfava há pouco tempo. Foi aí que eu descasquei um sermão maior ainda em cima dele. - Pô, mano! Vai namorar! Que esse negócio de surfe não vai dar pra você agora, não! Reboquei a prancha com ele em cima até vir uma onda pequena e o impulsionei em direção à beira. - Sai do mar e deixa de ser teimoso! - Disse-lhe como despedida.
À noite, num barzinho, ele se aproximou e me apresentou à sua namorada. Ele me chamou no canto e me agradeceu pelo esporro e que agi certo, pois não tinha condições de se livrar sozinho e que foi o orgulho que o impediu de pedir ajuda. Conversamos bastante e dei-lhe bons toques. Grato, apresentou-me às amigas da sua namorada. Uhu! No dia seguinte, pegamos umas ondas de peito e ainda virei o ano com uma namorada nova e um novo amigo!
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