Autor: Osni Guaiano
Grupo de Investigação em Atividades Aquáticas e Socorrismo da Universidade de A Coruña
Projeto ÁGUA LIMPA / Brasil
Toda pessoa tem direito de gozar pública e livremente das praias, pela utilização racional e sustentável, pela ordem à segurança e proteção do meio ambiente। No Brasil, de 1996 à 2006, ocorreu 69901 mortes por afogamento, cerca de 39% em águas naturais, incluindo com isso as praias do nosso litoral। Os sistemas organizados de proteção aos banhistas utilizam bandeiras como forma de sinalizar e habilitar ou não o banho de mar (bandeira verde banho liberado, amarela banho com restrição e vermelha banho proibido). Mas, será que este tipo de informação é suficiente para que os banhistas respeitem as condições do mar ou são necessárias intervenções mais severas para conter o alto indice de afogamentos nas praias brasileiras? O objetivo deste trabalho é investigar a opinião da sociedade sobre a utilização de multa para os banhistas que desrespeitam o sistema de advertência por bandeiras e se comportam inadequadamente nas praias. Esta pesquisa é em parte descritiva e também interpretativa, pois queremos observar que efeito tem a nossa investigação, ao divulgarmos no Brasil o regulamento para o uso das praias do Municipio de Gangas, Espanha. Examinamos a bibliografia, dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS) e a “Ordenanza de uso e disfrute das praias do Término Municipal de Cangas”. Os dados coletados foram tratados com ajuda do software Microsoft Excel. Pela internet realizamos uma enquête com cinco segmentos distintos da sociedade e recebemos (n=133) respostas. Da amostra, 82,71% eram homens e 17,29% mulheres. Das respostas, 24,81% pertencem a CIPASS, 6,77% a comunidade brasileira dos surfistas de peito, 18,80% são de profissionais liberais, 17,29% são dos guarda-vidas do Estado do Rio de Janeiro e 32,33% de guardiões de piscina. Dos participantes, 73,68% assinalaram que multar banhistas que desrespeitam o sistema de advertência por bandeiras e se comportam inadequadamente nas praias pode contribuir para tornar menor o número de afogamentos, além de ampliar a proteção ao meio ambiente. Quando o objetivo é amenizar o impacto do afogamento no setor saúde parece que as medidas impopulares podem se tornar as mais eficientes. É possível que os banhistas ao seguirem as orientações e indicações de segurança dos serviços organizados de prevenção, salvamento e socorrismo, assim como as disposições existentes dos organismos competentes, ampliem o conhecimento, tornando com isso as praias mais seguras para o lazer, o que pode reforçar positivamente a imagem do Brasil no âmbito internacional. Do mesmo modo, os projetos educativos no campo da prevenção do afogamento podem contribuir para mudança de consciência social, o que poderá acarretar em alteração de comportamento e assim ampliar o respeito do homem pela natureza, além de prevenir os acidentes no meio aquático. Enfim, considerando a diferença cultural entre Espanha e Brasil é prematuro afirmar que multar os banhistas brasileiros contribuiria para diminuir o número de afogamentos nas praias, além de preservar a natureza. Portanto, se faz necessário ampliar esta investigação.
Palavras-chave: afogamento - educação – prevenção – meio ambiente
Fonte: GUAIANO, O. Prevenção do Afogamento: Será que multas podem tornar as praias brasileiras mais seguras? In: Congresso Científico do 8º Fórum Internacional de Esportes, 6., 2009, Florianópolis. Anais. Florianópolis: UNESPORTE, 2009. P. 9.
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